Solidariedade salva quatro crianças
Leucemia de Marta aumentou dadores de medula
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HELENA TEIXEIRA DA SILVA

Mais de 13 mil portugueses ofereceram-se para doar medula óssea a Marta, a criança de cinco anos que sofria de leucemia. A menina só encontrou dador compatível em Espanha, mas a solidariedade portuguesa salvou quatro doentes de outros países.
A história de Marta desencadeou uma onda de solidariedade no Facebook e fez crescer em 13 mil o número de pessoas inscritas no Registo Português de Dadores de Medula Óssea, afirmou à agência Lusa o presidente da Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL). "Este caso é paradigmático", sublinhou Duarte Lima.
Marta acabou por encontrar dois dadores compatíveis no estrangeiro, tendo sido submetida a dois transplantes porque rejeitou o primeiro. Nenhum dos portugueses que se prontificou a ajudar a menina era compatível com ela. Mas, segundo Duarte Lima, conseguiram ajudar, pelo menos, "quatro doentes no resto do mundo. E isso é muito importante".
Os vários apelos que têm surgido nas redes sociais e na comunicação social e as campanhas realizadas pela APCL e pelos Centros de Histocompatibilidade do país têm sido determinantes para o aumento do número de dadores que se registou em Portugal.
Em 2008, havia 142 691 dadores de medula óssea inscritos no registo nacional, número que subiu para 182 485 em 2009, um aumento de quase 40 mil dadores. Os transplantes feitos com dadores fora da família do doente também aumentaram: realizaram-se 49 em 2008 e 55 em 2009. Em 2002, o número de transplantes de dadores fora da família do doente foi apenas "de um ou dois".
Apesar destes resultados, Duarte Lima considera que as pessoas que trabalham nesta área não podem estar "plenamente satisfeitas" porque ainda há doentes que não encontram dador compatível. "É preciso que o registo continue a crescer porque o grau de compatibilidade genética entre os seres humanos é muito variado", afirmou, lembrando que já se fez pesquisa mundial para doentes sem que se encontrasse um dador compatível.
O perfil do dador de medula óssea mudou nos últimos anos. No início, eram essencialmente irmãos que doavam a medula óssea na tentativa de salvar o doente. A partir do momento em que se divulgou a importância da doação de medula óssea como estratégia terapêutica para a cura de algumas variantes de leucemia, houve "uma universalização do número de dadores". Quem mais beneficia com este aumento são "os doentes que não têm irmãos, ou não têm irmãos compatíveis".
Duarte Lima lembrou a importância da ligação em rede do registo mundial de dadores, que abrange mais de 30 países e tem cerca de 14 milhões de dadores, ao aumentar "a probabilidade de se encontrar um dador compatível para o doente". Até agora, Portugal já fez doação de células de medula óssea para cerca de 19 países, mas também já recebeu. Jornal Noticias